Website on global south and decolonial issues.

periferia

Cenas do Gueto I Muro de Berlim

Embora invisível, há um “muro” a separar a Quinta do Mocho da cidade à sua volta. Empurrados para bairros precarizados e segregados, as populações imigrantes e/ou afrodescendentes são guetizadas por políticas públicas promotoras da marginalização social. É o que explica o Sr. Vítor sobre a construção da Quinta do Mocho: “já havia a ideia de se construir um gueto”.

Ler mais

“Nós, artistas, somos como os pedreiros que construíram o Kilamba que não têm acesso às moradias”, arte que vem da periferia

São artistas que pintam e mostram uma nova Angola, com técnicas e estéticas tão ousadas como os seus discursos e olhar para o cenário artístico. Nas artes visuais angolanas, a produção mais potente vem da periferia, longe do centro onde se encontram as galerias e salas de exposição.

Em outubro do ano passado fui desafiado a sair da minha zona de conforto — a música — para entrevistar os jovens da residência artística ResiliArt que produziram obras para a II Bienal Africana da Cultura da Paz. Aceite a proposta, tornou-se evidente que essa produção artística não está na elite de Luanda e que apenas uma parte destes artistas entra nos grandes centros durante as exposições e não tem acesso às condições de produção e mercado.

Ler mais

(Des)controlo em Luanda: urbanismo, polícia e lazer nos musseques do Império

O racismo entre as duas comunidades dividia, de cima a baixo, a sociedade luandense, do poder judicial ao comércio que se fazia no interior dos musseques. A retórica usada pelo procurador, ao tentar abanar os alicerces sociopolíticos dessa justiça racial e ao pôr a descoberto a hipocrisia, o subjetivismo e a parcialidade dos juízes, invocava três imagens sobre o mesmo espaço: o recorrente dualismo entre a cidade branca e a cidade negra; um roteiro da modernidade urbanística conspurcada pelo terrorismo e a geografia punitiva do império.

Ler mais

Luanda, Lisboa, Paraíso?

Nos anos 80, e seguindo a rota de muitos cidadãos africanos dos países de língua oficial portuguesa, Cartola de Sousa viajou para Lisboa com o seu filho Aquiles de 14 anos, para que o rapaz fosse submetido às operações aconselhadas e aos tratamentos médicos que, em princípio, resolveriam o problema.

Ler mais

Dos primórdios do rap em Portugal: margens e centro, acomodação e emancipação

O rap funcionou também como um poderoso questionador de identidades e de exclusões, tomando frequentemente o subúrbio como ponto de observação e crítica do racismo, da exclusão social, da pobreza, da xenofobia e da violência policial. Se «Nadar», dos Black Company, se tornava num grande sucesso nas rádios e televisões, surgem por esta altura temas e intérpretes que fazem uso da língua cabo-verdiana e outros que acentuam letras de forte cariz político, de que General D foi dos exemplos mais evidentes.

Ler mais

Resistência e inconformidade à violência policial, entrevista a Welket Bungué

Sobre dois mais recentes filmes: “Eu Não Sou Pilatus” e “Intervenção Jah”. A violência é um espinho, ela não escolhe a quem tocar mas também não é qualquer pessoa que se aproxima dela, tem que estar de alguma maneira convencida, se certo ou errado, isso não sei. Nos meus filmes, sobretudo de realidade social, tento não desvirtuar a violência daquilo que é a sua génese, a meu ver, o sentido de justiça.

Ler mais

Um mundo que não tenha nada daquilo que está representado no filme, entrevista com Welket Bungué

Uma das barreiras foi ter novamente o corpo negro no lugar do marginal, decidir construir a personagem Arriaga à volta da delinquência. Foi uma decisão difícil. Difícil por também eu ser Negro. Difícil por estar a entrar no campo do estereótipo. É difícil contornar a necessidade que tenho de escrever para atores negros e nesse caso trata-se de uma faca de dois gumes. Querer dar protagonismo a uma personagem que, do ponto de vista moral, vive na margem de decisões incautas.

Ler mais

Agressões e racismo, todos passaram por isso

As histórias contam-se na primeira pessoa. Fala-se de agressões gratuitas, da falta de respeito, de não se sentirem cidadãos de direito: “antes de se identificar já foi vítima”, “queremos ser tratados como cidadãos”; polícias à paisana com conversas ordinárias, insultos repetidos “pretos de me***”, “volta para a tua terra”; saídas à noite que acabam em tragédia, rusgas quando se está calmamente no café a ver a bola e se acaba deitado no chão à chuva, a ouvir insultos, festas de aniversário ou modestos convívios que de repente se misturam com balas, e ops, danos colaterais…

Ler mais

Periferias, de Carlos No

O trabalho de Carlos No tem uma forte componente de crítica e denúncia social, mas as esculturas que agora se mostram não pertencem à linha panfletária que se limita e enumerar problemas, elencando os podres de que o mundo é feito. Pelo contrário, a denúncia, aqui, é um gesto de reflexão, dando ao visitante os elementos e as ferramentas para olhar de frente temas como a pobreza, a exploração, as diferenças sociais reflectidas em aspectos como a habitação ou a vivência do espaço público, sempre de um modo capaz de fazer pensar.

Ler mais

Xikala – História e Urbanidade de um Bairro de Luanda

Paulo Moreira afirma ter iniciado este trabalho “motivado pela urgência em documentar e compreender a forma urbana” do bairro antes da demolição. As preocupações do arquiteto não estão circunscritas à sua disciplina, a proposta que nos apresenta é mais do que um projeto de investigação sobre um bairro informal, trata-se de um olhar intimista sobre a organização espacial, social e cultural da Chicala.

Ler mais