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violência

Os fantasmas de Tlatelolco

No verão de 1968, uma crise estudantil no México põe o governo de Gustavo Díaz Ordaz à beira de um ataque de nervos. O braço-de-ferro acaba de forma abrupta a 2 de outubro, com o massacre de um número indeterminado de manifestantes na Praça das Três Culturas, no bairro de Tlatelolco.

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O Brasil é uma heterotopia

Foucault identificava uma série de heterotopias de crise biológica, como chamou, e onde ele lia e inscrevia sociedades, como as sociedades ameríndias, nas quais o corpo ganha uma representação coletiva – a puberdade ou a primeira menstruação, por exemplo. Eu diria que nessas sociedades não se trata apenas de uma representação coletiva do corpo, mas sim da possibilidade de criar inscrições dignas do corpo no espaço comum. Enquanto nós ‘evoluímos’ para lugares onde as inscrições sociais dos corpos se fazem apenas pelo que queremos de fato excluir: assassinatos, estupros, violências, entre outros. Ou seja: o desprezo e o controle sobre os corpos são a marca política característica das sociedades ocidentais. São elas mesmas que criam a lista dos desvios e o modo das transgressões. Os indesejáveis e os descartáveis.

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Em cada mulher há uma rebelde. O futuro será o que ela quiser.

Estamos uns anos à frente, os fascistas regressam ao poder, apenas meio século após uma revolução ter derrubado a ditadura. Após os movimentos independentistas terem pegado em armas contra o colonialismo e terem derrubado a ditadura. Após acharmos que as liberdades, as conquistas sociais e laborais estavam mais ou menos garantidas. Texto escrito volvidos 67 anos do assassinato de Catarina Eufémia.

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Os carabineros devem deixar de existir

O assassinato de Francisco Martinez por Carabineros colocou sobre a mesa uma das questões mais quentes mas menos abordadas dos tumultos de Outubro no Chile: a da mobilização anti-polícia e a necessidade de abolir a polícia. O assassinato de Francisco ressurgiu como um dos aspectos mais constantes mas negligenciados do ciclo de revoltas que começou em 18 de Outubro de 2019, nomeadamente a mobilização anti-polícia.

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São Tomé, “a jóia do império”

Em 1907, as roças de São Tomé estavam no centro de uma rede que se estendia aos principais interesses industriais, financeiros e coloniais de Portugal e da Europa. São Tomé era, de facto, a “jóia do império”, moderna, rica, lucrativa. Importa, no entanto, não ignorar o passado de trabalho forçado, de violência e de racismo que criou essa “jóia” e lhe deu forma. Essa é a história que nunca deve ser esquecida.

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Dentro do Poderoso Arquivo Visual Político de Zanele Muholi

“Tenho visto que racismo, homofobia, queerfobia e transfobia são coisas interligadas que existem em todas as sociedades, ao longo do tempo. Como sou tratada quando me desloco entre países, a linguagem desumanizante utilizada nas fronteiras e nos costumes, diz muito sobre a raça. No mundo em geral, só agora conhecemos o alcance da violência racial que tem vindo a acontecer, bem como as suas raízes e efeitos sistémicos. Só recentemente, enquanto sociedade mais alargada, nos foram fornecidos os instrumentos e a linguagem para apontar e abordar o racismo. Como disse anteriormente, a violência é mais antiga do que todos nós”.

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Cor de pele, estatuto social e tomada de decisão

Será que polícias, juízes e médicos discriminam quando tomam decisões em contextos críticos de vida ou de morte? A investigação conduzida dentro e fora de Portugal fornece pistas sobre a existência de discriminação em que negros e grupos de baixo estatuto são alvo de decisões mais desfavoráveis.

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Reviver a Guerra do Pai: o fim da violência?

Nas obras literárias da pós-memória, a figura do pai ausente é recorrente quando se quer abordar a questão da persistência do trauma pós-colonial nas gerações seguintes. Em Portugal, o romance Estranha Guerra de Uso Comum, de Paulo Faria, constitui talvez o exemplo mais significativo deste diálogo post-mortem à volta de um inquérito sobre a transmissão da experiência da guerra do pai para o filho. Contudo, neste conjunto de obras, há alguns casos em que o filho decide, através da escrita, reviver o passado traumático do pai desde o interior, num enredo que descreve com pormenores o tempo dos combates do progenitor. Nestes casos, o narrador privilegia os cenários do passado bélico para contar a guerra do pai como se ele estivesse no seu lugar.

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